A misteriosa 'vala comum' de dinossauros, onde milhares deles estão enterrados

05/19/2025

04:51:56 PM

Ciência e Tecnologia

Um osso do dedo de um dinossauro encontrado em Deadfall Hills, lar do Edmontossauro. Crédito:Kevin Church/BBC News


Fonte: Rebecca Morelle e Alison Francis, BBC News

19/05/2025


Escondida sob as encostas de uma floresta exuberante em Alberta, no Canadá, encontra-se uma vala comum de proporções monumentais.

Milhares de dinossauros foram enterrados aqui, mortos imediatamente em um dia de devastação total.

Agora, um grupo de paleontólogos chegou ao riacho Pipestone — conhecido apropriadamente como "Rio da Morte" — para ajudar a resolver um enigma de 72 milhões de anos: como eles morreram?

A tentativa de descobrir exatamente o que aconteceu aqui começa com o forte golpe de uma marreta.

É necessária força bruta para romper a espessa camada de rocha que cobre o que a professora Emily Bamforth, que está liderando a escavação, descreve como "paleo-ouro ".

À medida que sua equipe inicia o trabalho mais delicado de remover as camadas de terra e poeira, um amontoado de ossos fossilizados começa a emergir lentamente.

Um osso do quadril de um Paquirinossauro é uma das milhares de descobertas no riacho. Créditos: Kevin Church / BBC


"Achamos que aquele grande pedaço de osso ali é parte de um quadril", diz Bamforth, observada por sua cadela Aster, cuja função hoje é latir se avistar algum urso por perto.

"Então aqui temos todos esses ossos longos e finos. São costelas. E este está impecável — faz parte de um osso do dedo. Esta aqui, não temos ideia do que seja — é um ótimo exemplo de um mistério do riacho Pipestone.".

A equipe de reportagem da BBC News foi até o riacho Pipestone para testemunhar a magnitude deste cemitério pré-histórico, e ver como os pesquisadores estão reunindo pistas.

Milhares de fósseis foram coletados no sítio arqueológico, e estão constantemente gerando novas descobertas.

A cadela de Bamforth, Aster, exercendo sua função de vigia. Créditos: Kevin Church / BBC


Todos os ossos pertencem a um dinossauro chamado Paquirinossauro. A espécie e a escavação liderada por Bamforth aparecem em uma nova série de documentários da BBC, Walking With Dinosaurs ("Caminhando com Dinossauros", em tradução livre), que usa efeitos visuais e ciência para dar vida a esse mundo pré-histórico.

Estes animais, que viveram durante o período do Cretáceo Superior, eram parentes do Tricerátops. Medindo cerca de cinco metros de comprimento e pesando duas toneladas, as criaturas de quatro patas tinham cabeças enormes, adornadas com um "babado" ósseo característico e três chifres. Sua marca registrada era uma grande protuberância no nariz.

A temporada anual de escavação acabou de começar — e dura até o outono no hemisfério norte. Os fósseis no pequeno pedaço de terra em que a equipe está trabalhando estão incrivelmente compactados; Bamforth estima que haja até 300 ossos por cada metro quadrado.

Até o momento, sua equipe escavou uma área do tamanho de uma quadra de tênis, mas o leito de ossos se estende por um quilômetro na encosta."É de cair o queixo em termos de densidade", diz ela.

"Acreditamos que esse seja um dos maiores leitos de ossos da América do Norte."

"Mais da metade das espécies de dinossauros conhecidas no mundo são descritas a partir de um único espécime. Temos milhares de Paquirinossauros aqui."

O riacho Pipestone ainda guarda muitos segredos. Créditos: Kevin Church / BBC

Os paleontólogos acreditam que os dinossauros estavam migrando juntos em uma manada colossal por centenas de quilômetros, partindo do sul — onde passavam o inverno — para o norte, onde passariam o verão.

A região, que tinha um clima muito mais quente do que o atual, teria sido coberta por uma vegetação rica, fornecendo alimento abundante para esse enorme grupo de animais que se alimentavam de plantas.

"Trata-se de uma única comunidade de uma única espécie animal em um momento específico, e o tamanho da amostra é enorme. Isso quase nunca acontece no registro fóssil", explica Bamforth.


Animais maiores oferecem pistas


E este trecho do noroeste de Alberta não era apenas o lar do Paquirinossauro. Dinossauros ainda maiores vagavam por essa terra, e estudá-los é essencial para tentar entender esse antigo ecossistema.

A duas horas de carro, está Deadfall Hills. Para chegar lá, é preciso fazer uma caminhada pela floresta densa, atravessar com dificuldade um rio com correnteza forte — ou nadar cachorrinho, no caso de Aster — e escalar pedras escorregadias.

Aqui não é necessário escavar; ossos gigantescos jazem junto à margem, arrancados das rochas e limpos pela água corrente, apenas esperando para serem coletados.Uma vértebra enorme é rapidamente avistada, assim como pedaços de costelas e dentes espalhados pela lama.

O paleontólogo Jackson Sweder está particularmente interessado no que parece ser um pedaço de crânio de dinossauro. "A maior parte do que encontramos aqui é um dinossauro com bico de pato chamado Edmontossauro. Se for um osso de crânio, trata-se de um dinossauro grande — provavelmente com 10 metros de comprimento", diz ele.

O Edmontossauro, outro herbívoro, vagava pelas florestas como o Paquirinossauro — e está ajudando os paleontólogos a construir uma imagem desta terra ancestral.

Sweder é o gerente da coleção do Museu dos Dinossauros Philip J. Currie, na vizinha Grande Prairie, para onde os ossos destes dois gigantes são levados para limpeza e análise. Ele está atualmente trabalhando em um enorme crânio de Paquirinossauro, com cerca de 1,5 metro de comprimento, apelidado de "Big Sam".



a-misteriosa-vala-comum-de-dinossauros-onde-milhares-deles-estao-enterrados


Compartilhe